Bruno Henrique, atacante do Flamengo, vira réu por estelionato

5 de dezembro de 2025

O atacante Bruno Henrique, do Flamengo, passou a responder também pelo crime de estelionato após a Justiça do Distrito Federal aceitar um recurso do Ministério Público do DF e Territórios (MP-DFT). O jogador já era réu por fraude em competição esportiva, mas agora enfrentará as duas acusações simultaneamente. A decisão foi tomada na tarde desta quinta-feira (4).

Recurso reverte decisão anterior do TJ-DFT

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Inicialmente, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal havia recebido apenas parte da denúncia apresentada pelo MP, rejeitando o enquadramento de Bruno Henrique por estelionato. Para o juiz responsável pelo caso, o crime só poderia ser analisado mediante representação formal das casas de apostas, consideradas vítimas na investigação.

No entanto, ao analisar o recurso, o desembargador Demétrius Gomes, relator na Terceira Turma Criminal, divergiu do entendimento anterior. Ele destacou que a International Betting Integrity Agency (IBIA) foi a entidade que comunicou a suspeita às autoridades e possui legitimidade para representar empresas do setor.

Com isso, o atleta passa a responder por fraude esportiva e estelionato, cujas penas variam entre dois e seis anos, e um a cinco anos de prisão, respectivamente.

Acusação envolve aposta sobre cartão amarelo

A investigação aponta que o jogador teria forçado um cartão amarelo em uma partida do Campeonato Brasileiro de 2023, contra o Santos, para favorecer apostas esportivas feitas por familiares. Dados obtidos no processo indicam ganhos financeiros acima do valor investido, levantando suspeita de manipulação do lance.

Segundo o inquérito, parentes do atleta — incluindo o irmão e primos — realizaram apostas específicas envolvendo o cartão aplicado a Bruno Henrique aos 50 minutos do segundo tempo, obtendo retorno considerado alto pelas plataformas.

MP pediu fiança, mas Tribunal negou

No recurso, o Ministério Público também solicitou que fosse fixada uma fiança de R$ 2 milhões ao jogador. O pedido, porém, foi rejeitado pelos desembargadores, que concluíram que Bruno Henrique não apresenta risco de fuga nem descumpriu determinações judiciais.

A defesa do atleta segue pedindo o arquivamento do processo e afirma que as acusações não se sustentam.

STF tem entendimento diferente sobre o tema

A ampliação da denúncia ocorre na mesma semana em que o Supremo Tribunal Federal (STF) emitiu entendimento de que provocar cartões para favorecer apostas não configura manipulação de resultados, pois não teria potencial direto para modificar placares ou definir o vencedor de uma partida.

Apesar disso, o julgamento no STF refere-se a outro caso — o do jogador Igor Cariús — e trata da tipificação penal, não de consequências esportivas ou administrativas.

Na esfera esportiva, Bruno Henrique já sofreu punição

Antes de chegar à Justiça comum, o atacante do Flamengo já havia sido punido no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) com 12 jogos de suspensão e multa de R$ 60 mil por conduta semelhante. Após recurso, ele conseguiu reverter a suspensão, mantendo apenas a multa.

Relembre o lance investigado

O cartão que gerou suspeitas ocorreu em uma partida entre Flamengo e Santos, pelo Brasileirão de 2023. O lance, considerado incomum pelos monitores de integridade esportiva, levantou alerta e gerou a investigação, que foi posteriormente aprofundada após identificação de apostas relacionadas feitas por familiares do atleta.

Próximos passos

Com o recebimento da denúncia ampliada, Bruno Henrique e os demais citados passam a responder formalmente pelos crimes. O processo segue agora para fase de instrução, onde testemunhas serão ouvidas e novas provas poderão ser incluídas.

A defesa do jogador reafirma que ele não cometeu irregularidades e espera reverter a acusação.

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