Nove Anos Depois: O Voo Que Não Chegou e a Ferida Aberta da Tragédia da Chapecoense.

28 de novembro de 2025

CHAPECÓ, SC — O calendário marca mais uma vez 28 de novembro, e a memória da Associação Chapecoense de Futebol (ACF) se volta para a noite em que o sonho foi brutalmente interrompido. Há exatos nove anos, em 2016, a delegação do clube catarinense embarcava para a Colômbia. Na madrugada seguinte, 29 de novembro, a queda do voo 2933 da LaMia próximo a Medellín, ceifou 71 vidas e transformou a glória iminente em luto eterno.

A Pane Seca: O Erro Humano que Custou 71 Vidas

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As investigações do acidente foram unânimes: a tragédia foi causada pela pane seca, resultante do planejamento de um voo que extrapolava a capacidade de autonomia da aeronave Avro RJ85, sem paradas obrigatórias para reabastecimento. A falha, de natureza operacional e fiscal, significou que o desastre não foi uma fatalidade, mas o resultado de decisões que colocaram o lucro acima da segurança.

A Reconstrução pela Solidariedade

O impacto global após o desastre gerou uma resposta inédita. O Atlético Nacional de Medellín, adversário da final da Copa Sul-Americana, solicitou a concessão do título à Chapecoense, um ato de profunda humanidade que marcou a história do esporte.
A partir de 2017, a Chapecoense iniciou um processo de reconstrução forçada, equilibrando o desafio de honrar a memória e manter a competitividade.

A Luta Judicial: Nove anos depois, os familiares das vítimas ainda enfrentam um cenário complexo e lento em busca de indenizações e da responsabilização total dos envolvidos — desde os executivos da LaMia até os agentes de fiscalização aérea. A morosidade da justiça em diferentes jurisdições mantém a ferida aberta.

O Legado em Campo: O clube, apesar de ter se reestruturado e de se manter ativo no cenário nacional, oscilou entre as séries do Campeonato Brasileiro, evidenciando o impacto duradouro da perda total de sua estrutura humana e técnica.

Os Sobreviventes: O Elo entre o Passado e o Recomeço


A história da Chapecoense também é contada pelos seis sobreviventes, que carregam o peso do recomeço. Entre os jogadores, Alan Ruschel foi o primeiro a retomar a carreira profissional após a recuperação. Jackson Follmann, que teve a perna direita amputada, encerrou o futebol e se dedicou a palestras motivacionais e à comunicação esportiva. Já Neto, apesar de não conseguir retornar ao campo devido às sequelas, tornou-se embaixador do clube. O jornalista Rafael Henzel (que faleceu em 2019 de causas naturais) retornou ao microfone, e os tripulantes Ximena Suárez e Erwin Tumiri também retomaram suas vidas e carreiras após a recuperação.
A memória do time de 2016 permanece viva em Chapecó. A recordação desta véspera reafirma que, para a cidade, o clube não foi apenas um elenco, mas um capítulo de sua identidade que se tornou eterno.

Fotos: Metropoles.

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